Um armarinho não é um armário pequenininho.

Véspera da aula em que será feito o primeiro molde. Tinha passado da fase de conhecer melhor a máquina de costura, achei que o pior havia passado depois de conquistar a criatura geniosa (como disse aqui).

Que nada.

Vai lá, na sua ignorância humildade de principiante, tentar comprar toda a listinha recomendada no curso. Você, se achando super esperta, deixa de comprar no armarinho do curso, por deduzir que o preço de lá é muito mais alto que o da concorrência. E é.

Assim, se dirige ao armarinho mais próximo, que na verdade não é tão próximo assim, pois parece ser um negócio em extinção. Sabe aquele armarinho que existe perto da sua casa desde que você se entende por gente? Pois é, ele fechou, no lugar abriu uma farmácia ou, mais recentemente, yogurteria.

Então, você chega toda feliz e esbaforida no armarinho, se acotovela entre as senhorinhas e as moças do artesanato, saca sua listinha da bolsa e começa a pedir:

– Por favor, você tem entretela?

– Papel, tecido, com cola ou comum?

– … (bons segundos de silêncio) er… não tenho certeza…

[A atendente se vira e vai ajudar pessoas mais sabidas. Você retoma a cara de quem sabe o que está fazendo e a chama de novo]

– De repente você me ajuda, eu preciso de uma entretela pra fazer uma saia.

– Ah, é saia? Tecido, então. Com ou sem cola?

– Sem cola, né? Coisa estranha colocar cola na saia…

Não espere receber o produto com um sorriso de “obrigada, volte sempre”, pois a sensação é inversamente proporcional a essa! Depois não sabem porque os armarinhos estão acabando…

Foi tanto sufoco pra comprar um item da lista, que obviamente não consegui fechar a lista e só pedi o material que eu sabia com certeza especificar, tipo agulha, linha, tesoura.

O melhor foi chegar no cursinho no dia seguinte e ter que comprar a entretela certa… tinha que ser com cola! :D

Semana passada, dei um pulo na Caçula da Rua Buenos Aires, que as pessoas do cursinho idolatram, acham a meca das handcrafters. Gente! Era tanta muvuca, são tantos setores e escadas escondidas (arquitetos pra que, né…), que não achei o setor de armarinho. Mas não desistirei! Vou voltar lá. Com certeza é o menor preço e deve valer a pena encher um dos carrinhos de bugigangas em conta. No setor de tecidos, encontrei uma tricoline linda que comprei em outra loja por R$28,00 o metro (já sabia que era salgado, mas só precisava de um metro), por exatamente a metade do preço!

Lamento dizer que tampouco fui bem-sucedida nos armarinhos virtuais. São poucos os que vendem online (ou será que eles estão escondidos?), informações confusas, difícil selecionar quantidade…

Engraçado que, antes de começar as aulas, eu pensava que essa parte seria a mais gostosa. Realmente, escolher tecidos é ótimo, apesar de nem sempre ter exatamente aquilo que eu havia imaginado… mas os aviamentos, ai papai… nem um ser consumistazinho feito eu consegue superar tanta antipatia e má vontade! E fica aqui o desabafo, na esperança de receber alguma dica de um oásis de bom atendimento, boa variedade e paciência com iniciantes.

Aposto que eu não teria problemas em outros tempos.